domingo, 21 de março de 2010

Ler, sem fronteiras

LER, SEM FRONTEIRAS

Leitura é prazer,
Leitura é conhecimento,
É prazer em saber,
É conhecimento com prazer.

A leitura deleita, ensina.

A leitura é prazer;
Nos faz viajar,
Ilimitadamente,
Para qualquer lugar.
Num mundo sem fronteiras,
Para o qual se foge.
Foge dos problemas,
E acaba por entendê-los.

Se passeia por um mundo,
Maior que o mundo real;
Que se cria,
Muda,
Imagina.
Um mundo no qual,
Se faz e refaz.
Se é o criador.

Leitura é uma auto-avaliação,
Uma terapia,
Grátis, individual,
Ou universal.

É para todos.
Qualquer um,
Em qualquer lugar,
Pode interpretar.
E acaba por desvendar,
O desconhecido,
Conhecimento.

Se conhece pensamentos,
Culturas,
Idéias.
Até mesmo romances,
Ensinam;
Detalhes, o cotidiano,
Ensinam vida.

Tudo se ensina,
A quem quer aprender.
Ao ler,
Se aprende o quanto quer.
Se relaxa,
Ri ou chora,
Se emociona,
À vontade.

Leitura é conhecimento e prazer.
Para aproveitar,
Basta ler,
Ser um leitor.
Então que seja.

Quarta feira

QUARTA FEIRA

Quarta feira era o dia,

O dia em que a nuvem...

A nuvem; passaria.

Só que não me avisaram.

Naquele dia em questão,

Meu humor acordou sombrio.

E com meu humor me vestiria.

No fundo do armário,

Me encarava solícito,

Um vestido amarelo, desbotado, amarrotado.

O vestido era longo, batia nas canelas.

Sem mangas; estava frio.

Senti um arrepio.

Colocava meu casaco quando passei pelo umbral da porta.

Já fora da casa de madeira,

O mar me encarava.

Amarelado,

Como advertência,

Em vez de esmeralda.

O observei por instantes,

E segui pela praia.

A areia,

Também amiga,

Se amarelava,

Deixando de lado sua usual palidez.

Segui sem observar,

O mundo a minha volta,

Se tornando amarelo,

Por onde a nuvem passava.

Depois de meia hora de caminhada,

Cheguei ao pequeno embarcadouro local.

Ali me esperava,

Meu pequeno barco amarelo.

Sorri para ele,

Como sempre.

Só que não por vontade, nesse dia em questão.

O mar a minha volta,

Balançava meu barquinho, agitado.

O dia perfeito, pensei,

Para pescar lagostas perto da encosta.

Enquanto remava para longe,

Pensei na minha vida.

Com a escola distante,

Batalhei para conseguir estudar.

Mas agora, com apenas 17 anos,

Tive que largar a escola,

Pois minha mãe adoecera,

E, sem pai, tive que trabalhar.

Longe de gente, de amigos,

Solitária eu vivo,

Em meu barquinho companheiro,

Pescando no mar,

Para minha mãe sustentar.

Sem ter com quem compartilhar minha vida,

Sem ter para quem contar, ou o que contar.

Meu barco já estava quase cheio de lagosta,

Quando eu o vi.

Através das nuvens no céu,

Tinha um homem.

Jovem ou velho, não sei.

Estava longe.

Na beira da encosta,

Ele parecia cego,

De seu destino,

Por causa da neblina, da nuvem,

Ele num viu o caminho.

Caiu.

Gritou ao mesmo tempo em que um som estranho se propagava de minha garganta.

Sem pensar duas vezes,

Eu mergulhei, sem saber,

Que estava lutando pelo meu destino.

Nadei contra a correnteza,

Num mar agitado, zangado, amarelado.

O homem não retornara a superfície.

Mergulhei,

E o encontrei,

Afundando cada vez mais,

No oceano sem fim.

Com minha força inesperada,

Nadei nas profundezas,

Procurando-o,

Tentando salvá-lo.

Ao alcançá-lo, percebi,

Que o homem, rapaz, na verdade,

Tinha a minha idade.

E jazia inconsciente.

Tentei subir,

Mas o amarelo me puxava para baixo.

Lutei contra ele,

Contra a depressão,

A inconsciência,

E prevaleci.

Ao tocar meu barquinho,

Minha esperança voltou,

Mas a consciência do garoto ainda não.

Me arrastei para dentro do barco,

Puxando o garoto comigo.

E puncionei seu peito,

Até que ele começasse a vomitar a água.

A água amarelada do oceano.

O garoto abriu os olhos, atordoado,

E então sorriu debilmente para mim.

Passamos horas no barco a conversar,

Compartilhar.

Afinal tinha achado, pensei.

Meu companheiro.

E olhei ao redor.

O amarelo da nuvem, do oceano, do dia,

Florescia, iluminava,

Se transformava.

Numa luz fluorescente,

Enquanto o sol aparecia.

Naquela manhã,

Meu destino era sombrio.

Amarelo, desbotado.

A nuvem ao meu redor.

Mas eu salvei meu destino,

E transformei minha nuvem,

Virei; fluorescente

Amarelo.

1 fato,

Um único fato,

Pode mudar sua nuvem,

Sua vida.

As cores mudam,

A partir de suas misturas.

Você tem seu pincel,

Sua tela.

Pinte, misture,

Mude as cores,

Viva.

Viva de acordo com as cores,

Com a vida.

Pois 1 coisa pode mudar tudo.

Como a minha mudou,

Em um único dia,

Naquela quarta feira.

Jane Austen

Jane Austen

Banida do amor,

Presa deste sentimento,

Sem poder vivê-lo,

Sem poder tocá-lo.

O sentimento e toque se separaram,

O toque foi para longe,

O sentimento prevaleceu.

Sem poder vivê-lo,

Ela os criou.

Criou pessoas,

Que teriam o que ela não poderia ter.

Podia mas renunciou,

Pois apesar de seu amor,

Ela tinha compaixão.

Compaixão que demonstrou,

Em seus livros,

Seus personagens.

Mesmo em classe baixa,

Subir na vida é possível.

Mesmo no século dezoito,

Ela visou a era da liberdade, da igualdade.

Sem poder contestar com as revoluções de hoje em dia,

Ela criou sua própria independência,

Dentro se seus livros, ela era livre.

Não para mudar a etiqueta ou as regras,

Mas para dar final feliz aos seus personagens.

Presa não só do amor,

Também da época,

De sua família,

De si mesma.

Seus livros,

Demonstram sua época,

Demonstram os preconceitos,

Os conflitos,

Os conceitos,

A estrutura social,

O jeito se subir,

O jeito de descer,

O dinheiro,

O amor,

Demonstram a si mesma.

Este foi seu amor,

Esta foi sua vida,

Não teve filhos,

Mas deixou sua descendência,

Seu legado,

Seus livros,

Seus fãs.